Relações entre religião e identidade negra em adolescentes candomblecistas de Olinda-PE
DOI:
https://doi.org/10.56148/2675-2328reupe.v6n1.1.148.pp98-99Palavras-chave:
Adolescente;, Origem étnica e saúde;, Grupo com Ancestrais do Continente AfricanoResumo
Introdução: Durante a adolescência, as buscas pela formação de uma identidade e associações com grupos ganham destacada relevância. O desenvolvimento desses processos é orientado pelas intersecções de diferentes marcadores sociais que classificam os adolescentes, como gênero, raça, classe social, religião, dentre outros. O candomblé, enquanto religião afro-brasileira, tem profunda associação com os povos de origem africana e, inicialmente, era cultuado apenas por brasileiros descendentes de africanos. Embora a população adepta dessa religião não seja mais exclusivamente afrodescendente, as origens do candomblé mantêm profunda ligação da religião com os negros, podendo fortalecer as relações existentes entre as identidades religiosa e étnico-racial dos seus praticantes, especialmente os adolescentes. Objetivo: compreender como os adolescentes candomblecistas do município de Olinda (PE) identificam e representam a própria raça e quais as influências da religião sobre esses processos. Material e métodos: pesquisa de campo de abordagem qualitativa e natureza interdisciplinar realizada através de observações participantes em dois terreiros de candomblé do município de Olinda e entrevistas semiestruturadas individuais com dez adolescentes candomblecistas que frequentavam os referidos terreiros. A análise dos dados obtidos durante a coleta foi orientada pelas contribuições da Análise do Discurso e da Teoria das Representações Sociais. Resultados e discussão: Nas entrevistas, ao serem questionados sobre a forma como se identificavam em relação a própria cor ou raça, 9 adolescentes se definiram como negros e apenas 1 como pardo. Uma parcela dos entrevistados argumentou que se definia como negro por conta de seus atributos fisionômicos, enquanto outra fração apontou que aspectos culturais, como a própria filiação ao candomblé, determinavam sua identidade negra. As representações destes últimos, no entanto, entravam em conflito com outras representações existentes no grupo religioso, no qual a cor de pele preta era, por vezes, apontada como um traço determinante para a validação da identificação enquanto negro e reconhecida como uma característica essencial para um praticante do candomblé, o que comprometia a inserção de alguns adolescentes no grupo. Dessa forma, foi possível verificar que o grupo religioso pode ter sido um dos determinantes da majoritária autoafirmação dos participantes como negros por estimular ou, em alguns casos, exigir de seus membros tal identificação. Considerações finais: Ao aclamar a identidade negra em referência aos povos que o originaram, o candomblé favorece a predominância dessa identidade étnico-racial entre seus adeptos. Se, por um lado, o grupo religioso pode oferecer um importante contraponto às representações hegemônicas que depreciam a identidade negra, por outro lado, também pode erigir barreiras, ainda que informais, que limitam a participação de alguns indivíduos por conta de sua raça ou etnia.
Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
ATRIBUIÇÃO 4.0 INTERNACIONAL (CC BY 4.0)
Você tem o direito de:
- COMPARTILHAR — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato
- ADAPTAR — remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.
De acordo com os termos seguintes:
-
ATRIBUIÇÃO — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
- SEM RESTRIÇÕES ADICIONAIS — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.