Representações de adolescentes candomblecistas de Olinda-PE sobre papeis de gênero
DOI:
https://doi.org/10.56148/2675-2328reupe.v6n1.1.151.pp102-103Palavras-chave:
Adolescente;, Gênero e saúde;, Identidade de GêneroResumo
Introdução: Utilizando características biológicas que distinguem corpos masculinos e femininos como argumentos para produzir assimetrias entre os sexos, as diversas culturas e sociedades estabelecem lugares e papeis específicos a serem ocupados por homens e mulheres, produzindo os gêneros. O gênero, em intersecção com outros marcadores, forma múltiplas feminilidades e masculinidades. Sendo assim, para que seja possível uma compreensão da dinâmica social, torna-se importante investigar cada um desses cruzamentos, especialmente na adolescência, período em que a elaboração das identidades ganha destaque. Neste estudo, a investigação se deteve sobre os adolescentes candomblecistas, pois a inserção nessa religião oferece a eles um conjunto específico de representações sobre os gêneros que integram a realidade dessa prática religiosa. Objetivo: compreender as representações dos papeis de gênero elaboradas por adolescentes praticantes do candomblé do município de Olinda (PE). Material e métodos: pesquisa de campo de abordagem qualitativa e natureza interdisciplinar realizada através de observações participantes em dois terreiros de candomblé do município de Olinda e entrevistas semiestruturadas individuais com dez adolescentes candomblecistas que frequentavam os referidos terreiros. A análise dos dados obtidos durante a coleta foi orientada pelas contribuições da Análise do Discurso e da Teoria das Representações Sociais. Resultados e discussão: Os adolescentes entrevistados mencionaram desenvolver diversas atividades reguladas pelo gênero durante as cerimônias do grupo religioso, como o toque de instrumentos, o sacrifício de animais e a preparação dos alimentos. Por conta de fundamentos míticos que estão no cerne desses papeis de gênero, houve pouca problematização dos adolescentes em relação a essa distinção. Ainda assim, ocorrências de flexibilizações sutis nessas tradições foram relatadas e representadas de forma positiva pelos adolescentes. Em relação ao resto da sociedade, a problematização das diferenças de papeis de gênero ocorreu de forma mais incisiva, havendo críticas dos adolescentes em relação às desigualdades existentes entre homens e mulheres nos relacionamentos afetivos, nos espaços públicos e domésticos, bem como no mercado de trabalho. Os participantes apontaram que discussões sobre as relações de gênero são frequentemente levantadas nas suas instituições de ensino, nos recursos midiáticos que têm acesso e no próprio espaço religioso. Considerações finais: Os participantes reconheceram a existência de posições e papeis tradicionalmente impostos a homens e mulheres, criticaram-nos e apontaram a ocorrência de transformações sociais, inclusive dentro do próprio grupo religioso, ainda que de forma incipiente. O acesso desses adolescentes a diferentes discussões sobre as relações de gênero possibilita que eles possam construir novas representações sobre a realidade e os capacita para transformar as relações nos meio sociais em que vivem.
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